Para que se possa fazer um bom
trabalho, é necessário que se cheque o que já foi feito. Ninguém pretende
reinventar a roda. Em função disso, um dos primeiros movimentos das então
coordenadoras do grupo foi de pesquisar mais sobre o tema. Mas também, como entendemos
que todo trabalho realizado com base em aprofundamento teórico e experiência
deve ser compartilhado com a comunidade especialista na área, resolvemos
submeter essa proposta de trabalho ao XII Congresso Internacional de
Gestalt-terapia, que seria realizado em 2011 no Uruguai.
Para nossa alegria e como
resultado do nosso envolvimento e dedicação, o trabalho foi aceito. Em maio de
2011, estávamos em Piriápolis (Uruguai),
no XII Congresso Internacional de Gestalt-terapia, apresentando uma comunicação oral intitulada:
Oncología Gestáltica: de um lugar más
Allá de la enfermidad a la construcción de um camino (Gestalt-oncologia: de
um lugar além da doença à construção de um caminho). Esse trabalho foi
apresentado pelas Psicólogas Ana
Carolina Seara, Maria Teresa Mandelli e Maria Balbina Gappmayer. Apesar da
diferença de idioma, pois escolhemos apresentá-lo em português, a comunicação entre
países-vizinhos se fez presente. A sala em que o trabalho seria apresentado
estava lotada e, para nossa surpresa, pessoas continuavam entrando para
assistir ao trabalho. Presentes nessa apresentação estavam alguns colegas brasileiros, muitos
estrangeiros de língua espanhola e
também Rosane Müller-Granzotto e Marcos
Müller-Granzotto (responsáveis pelo
aprofundamento na teoria do Self, uma das bases fundamentais para o crescimento
da abordagem Gestáltica no Brasil), este último gentilmente se disponibilizou
como intérprete caso houvesse algum problema de comunicação.
A apresentação mesclou nosso
olhar para o trabalho com a demanda de pacientes em tratamento oncológico e a questão
da necessidade de formação das equipes que trabalham com tais demandas. Outro
ponto importante e diferencial desse trabalho foi perceber que os pacientes oncológicos também vivem o que chamamos de sofrimento
ético, político e antropológico. Pois, se considerarmos o início do tratamento,
a fase em que se recebe o diagnóstico, podemos identificar claramente um
ajustamento aflitivo, uma vez que o paciente
lida com uma situação para a qual não possui dados. Não existe um fundo
acessível para que possa encontrar formas possíveis de lidar com a nova
situação. Além do embasamento teórico, o trabalho foi ilustrado com casos
clínicos. Ao final, o acolhimento: os presente não encerravam as palmas,
levantaram-se de suas cadeiras aplaudindo e antes de saírem, todos eles nos agradeceram uma a uma pela contribuição e
parabenizaram pelo trabalho. Como dizem nossos “irmãos” de língua espanhola, “nos
quedamos sin palavras”.
Mas o Uruguai ainda nos reservava
um presente de última hora. No último dia de estada no congresso, assistimos a
uma mesa redonda, chamada Enfoque
Holistico de La Salud y La Enfermedad (Enfoque Holítico da Saúde e da
doença), com profissionais da Europa e América Latina, reconhecidos
internacionalmente: Dra. Adriana Schnake, Maria José Varas, Antônio Martínez,
Elisabetta Muraca e Nelson Caracó. Ocasião
em que tivemos o prazer de conhecer o lindo trabalho desenvolvido pela médica,
psiquiatra e gestalt-terapeuta chilena Dra. Adriana Schnake.
No próximo post, os
desdobramentos da visita ao Uruguai e o desejo de desbravar fronteiras pela
América latina torna-se realidade.
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