quinta-feira, 12 de abril de 2012

Para além das nossas fronteiras



Para que se possa fazer um bom trabalho, é necessário que se cheque o que já foi feito. Ninguém pretende reinventar a roda. Em função disso, um dos primeiros movimentos das então coordenadoras do grupo foi de pesquisar mais sobre o tema. Mas também, como entendemos que todo trabalho realizado com base em aprofundamento teórico e experiência deve ser compartilhado com a comunidade especialista na área, resolvemos submeter essa proposta de trabalho ao XII Congresso Internacional de Gestalt-terapia, que seria realizado em 2011 no Uruguai.
Para nossa alegria e como resultado do nosso envolvimento e dedicação, o trabalho foi aceito. Em maio de 2011, estávamos em Piriápolis (Uruguai),  no XII Congresso Internacional de Gestalt-terapia,  apresentando uma comunicação oral intitulada: Oncología Gestáltica: de um lugar más Allá de la enfermidad a la construcción de um camino (Gestalt-oncologia: de um lugar além da doença à construção de um caminho). Esse trabalho foi apresentado pelas Psicólogas  Ana Carolina Seara, Maria Teresa Mandelli e Maria Balbina Gappmayer. Apesar da diferença de idioma, pois escolhemos apresentá-lo em português, a comunicação entre países-vizinhos se fez presente. A sala em que o trabalho seria apresentado estava lotada e, para nossa surpresa, pessoas continuavam entrando para assistir ao trabalho. Presentes nessa apresentação  estavam alguns colegas brasileiros, muitos estrangeiros de língua espanhola  e também  Rosane Müller-Granzotto e Marcos Müller-Granzotto  (responsáveis pelo aprofundamento na teoria do Self,  uma das bases fundamentais para o crescimento da abordagem Gestáltica no Brasil), este último gentilmente se disponibilizou como intérprete caso houvesse algum problema de comunicação.
A apresentação mesclou nosso olhar para o trabalho com a demanda de pacientes em tratamento oncológico e a questão da necessidade de formação das equipes que trabalham com tais demandas. Outro ponto importante e diferencial desse trabalho foi perceber  que os pacientes  oncológicos  também vivem o que chamamos de sofrimento ético, político e antropológico. Pois, se considerarmos o início do tratamento, a fase em que se recebe o diagnóstico, podemos identificar claramente um ajustamento aflitivo, uma vez que o paciente lida com uma situação para a qual não possui dados. Não existe um fundo acessível para que possa encontrar formas possíveis de lidar com a nova situação. Além do embasamento teórico, o trabalho foi ilustrado com casos clínicos. Ao final, o acolhimento: os presente não encerravam as palmas, levantaram-se de suas cadeiras aplaudindo e antes de saírem, todos eles  nos agradeceram uma a uma pela contribuição e parabenizaram pelo trabalho. Como dizem nossos “irmãos” de língua espanhola, “nos quedamos sin palavras”.
Mas o Uruguai ainda nos reservava um presente de última hora. No último dia de estada no congresso, assistimos a uma mesa redonda, chamada Enfoque Holistico de La Salud y La Enfermedad (Enfoque Holítico da Saúde e da doença), com profissionais da Europa e América Latina, reconhecidos internacionalmente: Dra. Adriana Schnake, Maria José Varas, Antônio Martínez, Elisabetta Muraca e Nelson Caracó.  Ocasião em que tivemos o prazer de conhecer o lindo trabalho desenvolvido pela médica, psiquiatra e gestalt-terapeuta chilena Dra. Adriana Schnake.
No próximo post, os desdobramentos da visita ao Uruguai e o desejo de desbravar fronteiras pela América latina torna-se realidade.

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