domingo, 16 de abril de 2017

PSICOLOGIA DO ADOECIMENTO- Uma Compreensão Holística do Viver



A Psicologia do Adoecimento é uma proposta de terapia e técnica, mas principalmente, de relacionamento com o nosso corpo, a partir de uma compreensão holística, onde podemos explorar nossa conduta e nossa personalidade através de um sintoma ou de uma doença que se faz presente no nosso corpo. É nosso corpo falando conosco, sob a compreensão que corpo e mente, corpo e emoção, corpo e psique são uma totalidade, somos mais do que a soma de nossas partes. 

A atual prática médica separa o ser humano em corpo e mente, além de fragmenta-lo cada vez mais em pedaços, em especialidades. A compreensão de que somos mais que a soma de nossas partes, uma das premissas da Gestalt Terapia, permitiu a elaboração da Psicologia do Adoecimento.

Com a proposta de experimentar para conhecer, fomos aos poucos absorvendo não apenas a teoria, mas também a prática, desde o começo do curso nos dando conta da “presença” do nosso corpo, da fala do nosso corpo, do seu significado, como que molhando nossos pés no conhecimento que estava por vir, como um primeiro contato com o que nos esperava até ao final do curso. 

Perls (1981), em Abordagem gestáltica e testemunha ocular da terapia, explicando a Gestalt terapia enquanto doutrina holística, expõe que um dos fatos mais notórios do homem é que ele é um organismo unificado. Por isso, não trabalhamos com a cisão corpo/mente. Apesar dos avanços da Psicossomática, esta continua presa aos conceitos da causalidade, tratando a doença funcional como um distúrbio físico causado por um fato psíquico. 

A vida traz, o tempo todo, questões que desequilibram e equilibram. É a homeostase que permite a vida nesse movimento, a habilidade orgânica e psíquica de se autorregular. Assim, o sintoma do corpo só pode se entendido como um organismo inteiro. Entretanto, o ser humano precisa estar de posse de sua autonomia e quando o assunto é saúde, essas muitas vezes lhe é tirada, onde o direito sobre o seu corpo, a cura do seu corpo, está em posse e por conta da decisão de terceiros, “detentores de suposto poder”. Sem invalidar o conhecimento médico e cientifico, é imprescindível que o ser humano se dê conta de sua capacidade  e tome posse de sua autonomia, sobre si e sobre o seu corpo, assim como do direito de decidir e atuar a partir de si mesmo.

A ferramenta elaborada pela Dra Adriana Schnake, utiliza-se dessa habilidade, para dar significados aos sintomas do nosso corpo (SCHNAKE, 2007). Dessa forma, cada sintoma é único, pois cada significado é único. O uso da ferramenta proposta possibilita que a pessoa vá descobrindo a si mesmo, tomando consciência de si e, através da fantasia, em contato com o órgão escolhido do seu corpo, numa interação dialógica mediada por um terapeuta. 

Com seu Enfoque Holistico da Saúde e da Enfermidade,  Schnake (2007) propõe que o individuo resgate sua capacidade de sanar seu organismo, enquanto explora sua personalidade, sua forma de ser, agir, enfim, descobre quem é.  Dessa forma, promove um encontro do individuo com seu corpo - ou melhor dizendo, consigo mesmo, com aquilo que é mais essencial no ser humano,  vendo-o integralmente, devolvendo a ele o poder sobre si mesmo, possibilitando conhecer-se, aceitar seus limites e suas possibilidade. 

O curso nos permitiu aprender. Não apenas uma teoria e uma técnica, mas também aprender sobre a vida. Aprender sobre o corpo maravilhoso que conosco fala, que nos avisa – pelo desconforto, dor ou doença, de algo que diz respeito ao organismo, como ser integral. Permitiu-nos aprender sobre conhecer e amar o nosso corpo “como amamos a nós mesmos”, pois não podemos amar apenas uma parte de nós. 

Concluindo, a partir da teoria holística da Gestalt Terapia, onde o organismo é um todo, aprendemos e presenciamos em nós mesmos a fala de nosso corpo e suas significações únicas, promovendo aprendizado e crescimento, além de nos instrumentalizar para levar nosso consulente no caminho dessa maravilhosa descoberta. *
 Esther Laemmel**
BIBLIOGRAFIA
SCHNAKE, Adriana. Enfermedad, sintoma y caráter: diálogos gestálticos com el cuerpo. Buenos Aires: Del Nuevo Extremo: Cuatro Vientos, 2007
PERLS, F. 1973 A Abordagem Gestaltica e a testemunha ocular da terapia. Rio de Janeiro,  Zahar Editores, 1981

* Trecho do trabalho de conclusão do curso Psicologia do Adoecimento (turma de 2016)
** Acadêmica de Psicologia na UNIASSELVI e aluna do Curso Psicologia do Adoecimento. 


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