Com o olhar da Gestalt, dentro do
enfoque holístico e dos estudos das clínicas da inclusão e neurose, da teoria
do self e num enfoque fenomenológico (sem buscar a verdade ou a mentira, mas a forma da verdade ou da mentira, esta
que não podemos esconder e por isso torna-se algo compartilhável), é que, no
Curso Corpo e Saúde, a partir da própria experiência, houve a possibilidade de
ampliar o “perceber-nos” daquilo que não nos damos conta.
Para isso foi realizado um trabalho vivencial de diálogos
com o corpo como forma de obter informações relevantes sobre nós mesmos,
provenientes do nosso corpo. Em (Enfermedad, síntoma y caráter), Adriana
Schnake (2012) relata que, nestes
diálogos, nos damos conta de quão incrível pode ser a escuta de uma pessoa para
com seu órgão ou a parte que lhe dói
e a leva a aceitar aspectos até então rejeitados de si mesma.
A partir deste experimento, podemos nos apropriar do nosso
corpo, como um “fazer as pazes” com partes de nós mesmos, que nos parecem fazer
tanto sofrer. A possibilidade de entrar em contato, conhecer, ouvir nosso
corpo, e também saber que nos ouve sobre o que pensamos e sentimos dele, nos permite
pela via do afeto obter informações emocionais importantes sobre nós
mesmos.
Foi-nos apresentado
um trabalho único e original de contato com os sintomas, cujo sentido é
provocar processos de auto-observação, conduzidos por um terapeuta. Levando esta técnica aprendida pela
experiência pessoal, para o trabalho na clínica, constatamos que, a partir do
corpo, o consulente ganha acesso a experiências emocionais e pode construir
compreensão sobre ele mesmo, seu funcionamento, suas características tanto
fisiológicas, quanto de personalidade. Depoimentos de ausência ou alívio de
sintomas são acompanhados da alegria da novidade vivida.
É possível olhar para o próprio corpo de forma a
experimentá-lo na primeira pessoa. A técnica ajuda a perceber que somos o nosso
corpo e conforme fala Adriana Schnake (2012: 26), nosso corpo não deveria ser afetado por
nossos desejos ou por nossos pensamentos, no entanto sabemos que isso acontece
por serem eles parte de nós, parte do mundo em que vivemos, desenvolvendo
nossas capacidades e destrezas para nos adaptarmos a um mundo que nós mesmos
vamos criando.
Corpo e Saúde é o curso que me
permite dizer que o que aprendemos é também um exercício de “reconciliação com nós mesmos através do
nosso corpo”. Sim, pois nos damos conta de que, com paciência, generosidade
e amor, recuperar essa unidade é uma possibilidade para nós
humanos.
“Cura: é quando a gente pega a doença no colo pergunta o que ela
tem, a gente a deixa falar e presta muita atenção. E, quando ela termina, já
não há nada mais para curar.”
Autor desconhecido
*
Adeli Maria Branco Sousa**
* Trecho do trabalho de conclusão do curso CORPO E SAÚDE: Psicologia das doenças somáticas (2013).
Referências bibliográficas:
SCHNAKE,
Adriana Nana. Enfermedad, Síntoma
y Carácter: diálogos gestálticos con el cuerpo. 1. Ed. Chile. Cuatro Vientos,
2012
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