Vivemos na atualidade grandes mudanças, sejam
relativas à área científica ou de recursos tecnológicos, permitindo que as
pessoas vivam mais anos. Entretanto, nem sempre o aumento da expectativa de
vida é acompanhado de uma significativa qualidade de vida. Os avanços da
medicina permitem que várias doenças sejam diagnosticadas precocemente; o
avanço da indústria farmacêutica possibilita que as pessoas tenham uma longa
sobrevida, apesar de doenças preexistentes. Mas o que a medicina ainda não
conseguiu controlar foi o aparecimento das doenças e suspeita-se que elas
possam ser relacionadas com a forma como vivemos na atualidade.
Mesmo com os avanços da ciência, da
tecnologia e da ciência médica, testemunhamos hoje uma crise no sistema de
saúde, que talvez, segundo CAPRA no prefácio de Espaço, tempo e medicina (p.9),
esteja relacionada às limitações do atual sistema de saúde. Segundo ele, essa
crise que nosso sistema de saúde enfrenta tem sua origem na estrutura
conceitual em que se baseiam teoria e práticas médicas, em que se estão
aplicando os conceitos de uma visão de mundo obsoleta (visão mecanicista de
mundo da ciência cartesiana-newtoniana) a uma realidade que não pode mais ser
compreendida nesses termos. Essa crise pela qual a medicina passa não é
exclusiva dela, uma vez que está relacionada a toda uma crise social que
presenciamos (evidenciada pela alta no desemprego, inflação, guerras,
violência, etc.). Nesse sentido, poderíamos dizer que a crise está no campo, e
o que o clínico encontra em seus consultórios é decorrência dessa conjuntura.
Em vista disto, é preciso buscar um modelo
mais atual para lidar com a realidade em que vivemos e abandonar a concepção
mecanicista e as velhas formas que já não dão conta das demandas para adotarmos
uma concepção holística da realidade, na qual tudo está conectado, deixando
para trás um modelo que se baseia na fragmentação e ir em direção à totalidade:
corpo e mente não podem mais ser vistos
como separados, mas, sim, como
partes de um mesmo todo.
A integração das polaridades mente X matéria,
até então separadas pelo modelo cartesiano, é um dos pontos mais importantes
para que se possa resgatar o elo entre aquilo que sempre esteve junto. Para promover
a reintegração dessas partes é preciso partir de um olhar integrador, uma
concepção de homem e de mundo que
permita esse resgate. A abordagem teórica psicológica que mais vai ao encontro
dessa necessidade é a Abordagem Gestáltica, pois percebe o ser humano de
maneira integral, e sua aplicação pretende devolver ao sujeito aquilo que é seu
para que então possa viver de forma mais inteira as suas relações.
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