quarta-feira, 25 de abril de 2012

Crise e possibilidades


Vivemos na atualidade grandes mudanças, sejam relativas à área científica ou de recursos tecnológicos, permitindo que as pessoas vivam mais anos. Entretanto, nem sempre o aumento da expectativa de vida é acompanhado de uma significativa qualidade de vida. Os avanços da medicina permitem que várias doenças sejam diagnosticadas precocemente; o avanço da indústria farmacêutica possibilita que as pessoas tenham uma longa sobrevida, apesar de doenças preexistentes. Mas o que a medicina ainda não conseguiu controlar foi o aparecimento das doenças e suspeita-se que elas possam ser relacionadas com a forma como vivemos na atualidade. 

Mesmo com os avanços da ciência, da tecnologia e da ciência médica, testemunhamos hoje uma crise no sistema de saúde, que talvez, segundo CAPRA no prefácio de Espaço, tempo e medicina (p.9), esteja relacionada às limitações do atual sistema de saúde. Segundo ele, essa crise que nosso sistema de saúde enfrenta tem sua origem na estrutura conceitual em que se baseiam teoria e práticas médicas, em que se estão aplicando os conceitos de uma visão de mundo obsoleta (visão mecanicista de mundo da ciência cartesiana-newtoniana) a uma realidade que não pode mais ser compreendida nesses termos. Essa crise pela qual a medicina passa não é exclusiva dela, uma vez que está relacionada a toda uma crise social que presenciamos (evidenciada pela alta no desemprego, inflação, guerras, violência, etc.). Nesse sentido, poderíamos dizer que a crise está no campo, e o que o clínico encontra em seus consultórios é decorrência dessa conjuntura.

Em vista disto, é preciso buscar um modelo mais atual para lidar com a realidade em que vivemos e abandonar a concepção mecanicista e as velhas formas que já não dão conta das demandas para adotarmos uma concepção holística da realidade, na qual tudo está conectado, deixando para trás um modelo que se baseia na fragmentação e ir em direção à totalidade: corpo e mente não podem mais ser vistos  como separados, mas,  sim, como partes de um mesmo todo. 

A integração das polaridades mente X matéria, até então separadas pelo modelo cartesiano, é um dos pontos mais importantes para que se possa resgatar o elo entre aquilo que sempre esteve junto. Para promover a reintegração dessas partes é preciso partir de um olhar integrador, uma concepção de homem e  de mundo que permita esse resgate. A abordagem teórica psicológica que mais vai ao encontro dessa necessidade é a Abordagem Gestáltica, pois percebe o ser humano de maneira integral, e sua aplicação pretende devolver ao sujeito aquilo que é seu para que então possa viver de forma mais inteira as suas relações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário